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CORRIDA 1

José Ramos e Patrick Cunha fazem o pleno mas não escapam à polémica

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Depois de César Campaniço e Carlos Vieira terem trazido de Braga uma dupla vitória no bornal, desta vez foi a vez de Patrick Cunha e José Ramos sorrirem e regressarem ao Norte com a certeza de que este ano a luta pelo título será a três (isto se o novo BoP não baralhar tudo de novo, como já alguns prevêem ou se queixam), após um fim-de-semana que, mais uma vez, não escapou à polémica... nem às bancadas vazias.

Tempo instável, com muito vento e períodos de chuva, por vezes muito forte, foi como a caravana do Campeonato de Portugal de GT (CPGT) e Iberian Supercars Trophy (ISCT) foi recebida no Circuito do Estoril, palco da segunda prova da temporada 2012 do CPGT (primeira do ISCT), com alguns dos concorrentes a não conseguirem evitar os percalços normais nestas circunstâncias.

O novo Porsche GT3 R de António Nogueira ainda a cheirar a fresco... © Andrew Remedios / Le Mans Portugal

A registar, à partida, havia a surpresa da presença do novíssimo Porsche GT3 R de António Nogueira, que havia chegado de Estugarda mesmo ao final da madrugada e foi mesmo assim como chegou, ainda sem decoração, que integraria o programa do evento. Também acabado de chegar, mas já ao final da manhã, o novo Lamborghini LP-520 de José Monroy não pode participar nas sessões de treinos livres, com a equipa a afadigar-se na decoração do carro para a corrida.

Pelo contrário, o segundo Lamborghini da Goodsense e o Ferrari 430 Scuderia GT Cup da Oasis viram-se impedidos de participar na prova. O primeiro, devido aos danos sofridos em consequência de uma saída de pista de Jorge Queiroz na sexta-feira, em testes privados, pois como nos revelou Pedro Lopes, colega de Queiroz no Lambo’ #5, “o carro vai precisar dum novo chassis, por isso, não seria possível participarem na competição”; e o segundo porque, como nos referiu Luís Reis “partiu-se o eixo traseiro e a equipa está a espera da peça para arranjar o carro”. Queiroz acabaria mesmo assim por  participar na prova, mas substituindo a esposa Ângela Negrão ao volante do Lotus Evora #10.

Em Portugal, não há corrida que se preze que não tenha a sua polémica da praxe. Desta vez, a 'fava' coube ao Team Novadriver. © Andrew Remedios / Le Mans Portugal

Quem esteve também em risco de exclusão, naquela que seria a primeira polémica do fim-de-semana, foi a Team Novadriver, tendo mesmo a dupla César Campaniço/Carlos Vieira sido impedida de participar nos treinos cronometrados. Em causa estavas as especificações com que o carro se apresentou, em violação do Regulamento da FPAK que contempla apenas o Audi na versão 2012 (Ultra) - nomeadamente no que se refere ao diâmetro do restritor, que é agora de 39 mm contra aos 52 da versão 2011 -, em conformidade com idêntica determinação emanada da FIA. O problema é que a equipa tinha vindo acabado de chegar de França, onde no passado fim-de-semana tinha participado na primeira ronda do Europeu de GT3 com as mesmas especificações mas devidamente autorizados pela FIA, que tinha sido sensível aos argumentos apresentados pela própria Audi. Só que os mesmos argumentos que serviram para a FIA não serviram para… a FPAK, em mais uma das idiossincrasias em que o nosso automobilismo tem sido fértil. Resolvido, em parte, o problema com um restritor de 36 mm do Lamborghini emprestado pela Goodsense, a equipa de Palmela foi autorizada a participar na corrida mas vendo-se obrigada a sair do fundo da grelha. Do mal o menos.

Mostrando que vinha com ‘a faca nos dentes’ depois da polémica de Braga, a dupla do Lambo’ #4 da Goodsense arrebatou a pole para ambas as corridas, com Patrick Cuna a impor-se na primeira sessão e José Ramos na segunda. A primeira sessão ficaria ainda marcada pelas saídas de pista de António Cabral, no Porsche #16 da First Driver, e Nuno Batista, no Ginetta #8 da Goodsense, incidentes que obrigariam à interrupção da sessão.

A corrida teve de quase tudo um pouco e, a exemplo de Braga, não ficou isenta de polémica. Arrancando na frente, Cunha manteve a liderança até às paragens, sempre com Fontes muito perto a não lhe permitir descanso. Enquanto isso, Campaniço, apesar do comportamento do carro, havia ascendido à 6ª posição até ao final da primeira volta e punha-se ‘a jeito’ para aproveitar quaisquer problemas que ocorressem à sua frente.

José Ramos e Miguel Barbosa protagonizaram a segunda polémica de sábado, ao aparentarem fazer uma espécie de corrida de...'carrinhos de choque'! © Andrew Remedios / Le Mans Portugal

Após as paragens nas boxes, José Ramos tirou vantagem do menor handicap (5 segundos em vez dos 10 do Mercedes) para se distanciar de Miguel Barbosa, mas o piloto do Mercedes #1 foi-se aproximando do Lambo’ #4 deixando antever um final impróprio para cardíacos. E de facto as últimas voltas foram muito intensas, com os carros mais atrasados a ajudar a aumentar a tensão, até que Barbosa encontrou espaço para ultrapassar Ramos a cerca de 3 minutos da bandeira de xadrez. Só que, na última volta, José Ramos, numa manobra, aparentemente, mais ‘musculada’, passou para a frente de novo e foi o primeiro a cruzar a meta. O problema é que da manobra resultou um toque entre o Lamborghini e o Mercedes, com este a sair de pista e ver-se impedido de terminar a prova.

E como é normal nestas situações, há tantas verdades quantos os intervenientes, com Barbosa a acusar Ramos de o ter ‘abalroado’ e este a defender-se alegando ter sido aquele a fechar-lhe indevidamente a trajectória. O que é facto é que, chamados ambos ao Colégio de Comissários e analisado incidente, Ramos e Cunha veriam confirmada vitória, a primeira de um fim-de-semana que se revelaria em cheio para a dupla da Goodsense.

Também com razões para sorrir estava a dupla do Team Novadriver, pois acabaria por herdar o 2º lugar e amealhar precisos pontos depois de se terem quase visto excluídos da prova. António Coimbra e Luís Silva fecharam o pódio no Mercedes #11. Na categoria GT4, destaque Mauro Marques e Fábio Mota que, na sua estreia nos GTs, souberam impor o seu Aston Martin #8, ao #7 dos mais experientes Francisco Carvalho e Miguel Ferreira.

O que eles disseram:

José Ramos (Lamborghini Gallardo LP 600+ #4, Goodsense Racing Team): “O Patrick fez um bom arranque e conseguiu gerir a corrida, andando sempre à frente do Fontes. Depois da troca de pilotos, notou-se o problema grave nestas corridas, que são as dobragens. Os concorrentes atrasados muitas vezes não estão com atenção no que se está a passar. Não vêem as bandeiras e depois estorvam-nos. Faz com que os carros atrás consigam aproximar-se. [Em relação à luta pela liderança], o Miguel conseguiu encostar-se a mim mas não conseguia passar-me. Na 1ª curva deu-me dois toques, o que achei feio, tentando arrumar-me, tocando no canto direito do carro. Tive que o deixar passar porque não havia hipótese. Depois, tentei estudá-lo nas últimas voltas. Não conseguia na recta mas no miolo conseguia, porque travo mais tarde, porque o nosso carro é mais leve. Na aproximação da curva VIP, eu estava ao lado dele e ele meteu-se pelo lado esquerdo para se defender. Eu tentei ir para o lado direito e ele tentou fechar pela direita na travagem. Na travagem meti o carro, ele queimou a travagem e não conseguiu meter o carro no sítio certo e tocamos. Era inevitável. Não foi por maldade. Acho que foi o primeiro toque que dei a alguém em 12 anos de corridas. Foi um incidente de corrida ao contrário do que eles disseram. Ele abriu e eu meti.”

José Pedro Fontes (Mercedes SLS AMG #1, Vodafone BP Team): “A corrida correu-nos bem. Arrancamos e pressionamos bastante o Lamborghini. Entreguei o carro encostado e paramos mais 5 segundos na boxe devido ao handicap. Recuperamos e passamos e na última volta um incidente que se passou tirou-nos a vitória certa.”

Carlos Vieira (Audi R8 LMS #15, Team Novadriver): “Foi um pouco mau até agora. Não estávamos a espera de arrancarmos outra vez de último (risos)… por causa dumas evoluções que nós temos que pôr mas que não estão disponíveis e, mesmo com a aprovação da FIA, já que o César fez o Europeu no fim-de-semana passado com o mesmo carro, aqui decidiram penalizar-nos. O azar de um (o Lamborghini da Goodsense emprestou-nos os restritores) foi a nossa sorte, mas foi extremamente difícil porque o carro tem restritores de 2012 e evoluções de 2011. Felizmente conseguimos ficar em 2º lugar e reforçamos a liderança do campeonato nacional.

Em relação ao carro, ele não anda, ficou muito mais lento. Não tem velocidade de ponta. Mete-se a 6ª 200-300 metros depois. Estes restritores fazem sentido com as evoluções de 2012, que tem muito apoio aerodinâmico. Neste caso, o carro ficou muito menos competitivo do que era ontem. Para amanhã vamos tentar fazer o possível outra vez, para manter a liderança, e em Junho já teremos o Ultra.”

João Figueiredo (Ferrari F430 GT2 #30, Ray Racing Team): “Visamos correr no Iberian Series e foi delineado à última hora. Não estávamos a perspectivar já estar nesta prova. Talvez alguns resultados que estamos a ter se devam à pressa com que foi montado o projecto. Confirma-se que o carro não está ainda capaz de andar nos melhores lugares, que é o que nós ambicionamos. Mas estamos a marcar presença e a fazer testes para o futuro. Isto foi a minha primeira no carro. Há 2 anos tinha feito um pequeno teste. O nosso Ferrari é de 2005 e por isso tem algumas limitações em relação ao GT2 verdadeiro. Há uma certo número de limitações para manter os GT3 em linha. Para amanhã, vamos trabalhar no carro para o termos mais ao nosso gosto.”

Mauro Marques (Aston Martin Vantage #8, Veloso Motorsport): “A corrida foi boa. No início houve alguns problemas porque tanto estava sol como estava chuva e a nível da mecânica foi um bocado complicado, e o outro Aston conseguiu distanciar-se de mim. Mas depois das paragens, com Fábio no carro, conseguimos chegar a 1º. Nos treinos cronometrados, correu bem para o Fábio, mas para a minha sessão tivemos um problema com o controlo de tracção, mas no geral correu bem.”

Fábio Mota (Aston Martin Vantage #8, Veloso Motorsport): “Eu passei grande parte do meu turno atrás do Aston Martin de Miguel Ferreira, mas nos últimos 3 minutos conseguimos passar para a frente e o Miguel começou a pressionar-nos. Agradeço ao Mauro pelo bom turno no início da corrida, mantendo os pneus em bom estado para termos um final de corrida bastante bom.”

Pedro Moleiro (Porsche GT3 Cup #3, First Driver): “Eu tinha que arrancar com força e ir para cima dos GT3 para assim podermos distanciar-nos do resto. E consegui, fiz um bom arranque e colei-me à traseira do António Coimbra. Ganhei uma vantagem e depois foi manter o ritmo. O carro não dá mais. Precisa de mais cavalos. O melhor tempo que fiz foi 1:47. Mas o importante era manter o ritmo e ganhar a maior vantagem possível para dar o carro ao Paulo em boa posição e para ele ter uma corrida mais calma. E foi o que ele fez. Conseguimos trazer o carro para o 7º lugar com carros mais potentes à nossa frente.”

Paulo Moreno (Porsche GT3 Cup #3, First Driver): “O meu trabalho hoje foi basicamente manter o que Pedro fez durante o turno dele e levar o carro até ao fim. Fiquei com um pouco de medo por causa da chuva mas tivemos sorte porque foi apenas passageira durante a corrida. Para amanhã esperemos que não chova para conseguirmos ter o melhor espectáculo e tentar chegar ao 1º lugar na nossa categoria outra vez.”

CPGT, IST / Estoril I: Corrida 1